Trombose Pós-Parto

QUAL A INCIDÊNCIA DA TROMBOSE PÓS-PARTO? EXISTE UMA ESTATÍSTICA?

O tromboembolismo venoso tem uma elevada incidência no período gravídico-puerperal. A incidência de trombose em mulheres grávidas é 5 a 6 vezes maior do que em comparação com não-grávidas da mesma idade, e ainda mais frequente no puerpério. O risco de apresentar trombose no pós-parto é 5 vezes maior que durante a gestação. A trombose pode evoluir com embolia pulmonar, que é uma das principais causas de mortalidade materna em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 10% de todas as mortes das mães após o parto. 

Ref. DADOS ESTATÍSTICOS: Clinton, C. M., Kuller, J. A., & James, A. H. (2019). Prevention of Postpartum Venous Thromboembolism. Obstetrical & Gynecological Survey, 74(10), 601–606. doi:10.1097/ogx.0000000000000714 

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS MOTIVOS DE UMA TROMBOSE PÓS-PARTO? 

Existem várias condições que são predisponentes para a formação de coágulos sanguíneos, (trombos). Os fatores vão se somando até que a trombose ocorra. As principais condições responsáveis por ocasionar a trombose são três: a estase venosa (dificuldade de retorno do sangue das pernas para o coração), a lesão endotelial (lesão/ inflamação de vasos sanguíneos) e a hipercoagulabilidade (aumento da capacidade de coagulação do sangue). No puerpério, todas essas condições estão presentes, especialmente após a cesárea ou se o parto foi prematuro. Além disso, sabe-se que esse risco é ainda mais alto em mulheres que fumam, acima de 35 anos, obesas ou negras. 

QUAL O PERÍODO DE MAIOR RISCO?

O risco é maior entre a data parto até 6 a 8 semanas após o nascimento do bebê. 

QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS?

• Inchaço da perna, especialmente se for assimétrico, isto é, maior em uma perna do que na outra ou só em uma das pernas. 
• Dor e enrijecimento da musculatura da panturrilha, podendo levar à dificuldade para andar. 

As puérperas também devem se atentar para a ocorrência de dor no peito e falta de ar súbitas, que podem ser manifestações da consequência mais temida da trombose venosa – a embolia pulmonar – que ocorre quando um coágulo se desprende e vai para o pulmão, o que é grave e pode ser fatal em até 20% dos casos.

• A MULHER PODE TER TROMBOSE NO PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO? SE ACONTECER, QUAL A ORIENTAÇÃO?

Sim, o risco é maior justamente no puerpério, nos primeiros 40 a 60 dias após o parto. A orientação é na presença de sintomas (inchaço, dor na perna) procurar imediatamente um serviço de urgência médica, para que seja feito o diagnóstico e tratamento o mais precocemente possível. 

• A ALTERAÇÃO DOS HORMÔNIOS, DURANTE A GRAVIDEZ, PODE PROVOCAR TROMBOSE OU OUTROS PROBLEMAS VASCULARES PÓS-PARTO? 

Sim, durante a gestação temos alterações hormonais muito relevantes no organismo da mulher, que aumentam a chance de trombose durante esse período. Assim como quando fazemos uso de anticoncepcionais orais ou de terapia de reposição hormonal, o aumento súbito dos hormônios femininos na gestação, em especial o estrógeno, desencadeia um cenário mais provável para ocorrência de trombose. 

• HÁBITOS ALIMENTARES E DE QUALIDADE DE VIDA DA GESTANTE ANTES, DURANTE E APÓS A GRAVIDEZ INFLUENCIAM NA FORMAÇÃO DE TROMBOS?

Definitivamente, quanto mais saudável for a gestante e puérpera, menor a chance de ocorrência de trombose. Dessa forma, manter um peso equilibrado, ter uma alimentação balanceada, manter uma boa hidratação, praticar atividade física regularmente, não fumar, lidar bem com o estresse, tudo isso ajuda muito na qualidade de vida da gestante e na saúde dela e do bebê. 

• A TROMBOSE PÓS-PARTO PODE ACONTECER EM MULHERES DE TODAS AS IDADES?  QUAL IDADE DE MAIOR RISCO? E QUAL O MOTIVO?

Sim, mas acima de 35 anos esse risco aumenta. Isso porque, a própria idade já e um fator de risco para trombose, e gestações após essa idade tem um risco aumentado de várias complicações, entre elas, a ocorrência de trombose. 

• QUAL A MANEIRA DE PREVINIR A TROMBOSE PÓS-PARTO?

As medidas preventivas são as mesmas para outras situações de risco de trombose: evitar ficar muito tempo assentada ou de pé parada na mesma posição, movimentar-se durante o dia, praticar exercícios, criar o hábito de deitar-se com as pernas elevadas algumas vezes ao dia e em certos casos, o uso de meias compressivas ou medicações anticoagulantes pode estar indicado e deve ser prescrito por um médico vascular. 

• A MEIA DE COMPRESSÃO PODE AJUDAR? COMO DEVE SER FEITA A PRESCRIÇÃO?

Sim, muito. Uma das principais indicações da meia de compressão é justamente a prevenção de trombose, inclusive em gestantes e puérperas. A prescrição deve ser feita por um médico Angiologista ou Cirurgião Vascular que saberá orientar qual o grau de compressão indicado, comprimento da meia, horas de uso diárias, etc. 

• DURANTE A GRAVIDEZ, A MULHER PODE TOMAR ALGUM MEDICAMENTO PREVENTIVO? QUAL A RECOMENDAÇÃO?

Sim, em casos de trombofilia, uma predisposição genética à formação de coágulos no sangue, muitas vezes está indicado o uso de anticoagulantes profiláticos. A trombofilia pode ocasionar, além da trombose propriamente dita, descolamento de placenta, parto prematuro e até mesmo abortos recorrentes. Nessas gestantes, utilizamos uma medicação injetável aplicada na barriga, que inibe a coagulação, reduzindo muito a chance de trombose. 

• QUAIS AS PRINCIPAIS DICAS DE CUIDADOS E PREVENÇÃO PARA A GESTANTE?
• Alimentação saudável e balanceada;
• Hidratação, no mínimo 2L de água ao dia;
• Manter-se ativa e evitar longos períodos na mesma posição (sentada ou de pé parada), fazer pausas ao longo do dia no trabalho e movimentar;
• Praticar atividade física de leve a moderado impacto, e se possível, fortalecer a musculatura da panturrilha- o que melhora muito a circulação. Atividades na água como hidroginástica, natação e caminhada na piscina são excelentes;
• Criar o hábito de deitar-se com as pernas elevadas, se possível, várias vezes ao dia, durante 20 a 30 minutos, o que ajuda muito no retorno do sangue ao coração, diminuindo inchaço, peso e desconforto nas pernas;
• Fazer um acompanhamento com angiologista/ cirurgião vascular, para que possa ser avaliado o seu risco individual de trombose, e para que sejam indicadas as medidas cabíveis para prevenção, podendo incluir meias compressivas e /ou remédios anticoagulantes.