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Pé Diabético
Pessoas portadoras de diabetes devem se cuidar ainda mais! Criar hábitos saudáveis é fundamental, para que não ocorram complicações importantes relacionadas à doença. Um bom controle glicêmico é essencial, mas existem outros cuidados e medidas que os diabéticos devem adotar para prevenir problemas futuros.
Uma das complicações que pode ocorrer no caso do diabetes descontrolado, é o comprometimento da circulação arterial periférica, que é a responsável por levar sangue oxigenado e nutrientes aos órgãos e tecidos. As artérias maiores podem estar comprometidas, mas são as artérias mais finas, principalmente as dos pés e das pernas, que costumam apresentar um comprometimento acentuado, dificultando a chegada de sangue oxigenado e nutrição levando ao que chamamos de microangiopatia diabética. Nesses casos, pode haver comprometimento da irrigação dos nervos periféricos, e com o avançar da doença, os diabéticos podem apresentar uma disfunção desses nervos, o que chamamos de neuropatia, e apresentarem alterações de sensibilidade, especialmente nos pés. Por esse motivo, podem se machucar com mais facilidade sem que notem ou sintam dor. Além disso, o comprometimento da circulação deixa a pele pouco nutrida, mais seca e mais fácil de se machucar.
O pé diabético, por definição da Organização Mundial da Saúde, é: “situação de infecção, ulceração ou também destruição dos tecidos profundos dos pés, associada a anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica, nos membros inferiores de pacientes com diabetes mellitus.” Consiste em uma das complicações mais comuns do diabetes mal controlado. Aproximadamente 25% dos pacientes com diabetes podem desenvolver úlceras nos pés, e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em pacientes diabéticos. O diagnóstico é do pé diabético é feito por meio de uma consulta com um médico especialista, que pode ser um endocrinologista, cirurgião vascular/ angiologista, clínico geral ou ortopedista. Após um exame detalhado, que inclui avaliação da circulação, da sensibilidade, das deformidades ósseas do pé, da pele, presença de micose interdigital e rachaduras na pele, o médico estabelecerá quais as medidas deverão ser tomadas para controle e tratamento desta condição.
Para andarmos usamos os pés, e por esse motivo eles são muito bem inervados, pois é essa inervação que nos protege de machucar facilmente com algo que pode estar no chão e não vimos. O início do pé diabético ocorre a partir de uma lesão de continuidade na pele que pode ser uma coceira, uma micose, um trauma como um pequeno machucado que não foi visto. Esta pequena lesão é uma porta de entrada para bactérias que acessam a região ferida e podem ocasionar uma infecção local. Dor, calor, vermelhidão, inchaço, e de repente uma ferida. A dor nem sempre ocorre, pois há um comprometimento da sensibilidade, e como os diabéticos podem ter um déficit de visão decorrente de retinopatia diabética, catarata ou glaucoma, às vezes a demora para descobrir a lesão infectada no pé faz com que ela cresça e avance para planos mais profundos acometendo músculos e até os ossos. A demora no reconhecimento da lesão e retardo no início do tratamento piora o quadro e a evolução.
Existem vários estágios das feridas do pé diabético e inúmeras classificações usadas por nós especialistas para classificarmos o problema e definirmos o melhor tratamento para cada casso. Para sermos didáticos e ficar mais fácil o entendimento, podemos dizer que existem as feridas decorrentes de lesão nervosa, e devido a perda de sensibilidade o diabético pode iniciar uma ferida devido a um sapato apertado, uma pedra no sapato, ou um espinho de um jardim por exemplo. Existem ainda as deformidades no pé decorrente de uma neuropatia motora. Pode haver comprometimento das articulações e no momento do caminhar o alinhamento do pé pode estar comprometido e acontecer uma lesão importante por um ponto de pressão na planta do pé devido ao desalinhamento. Quando há comprometimento da circulação arterial envolvido, há diminuição de temperatura e as vezes palidez da pele, que costuma ser mais seca e com redução de pelos, as unhas se encontram espessadas e quebradiças. Pode evoluir para um comprometimento total da circulação com necrose(morte) dos tecidos, infecção e gangrena as vezes com necessidade de amputação da região acometida.
O tratamento depende da extensão do problema e de suas características. O mais importante é combater a infecção. Pode ser necessário uma intervenção cirúrgica para limpeza mecânica (desbridamento), junto com tratamento com antibióticos. Combatida a infecção temos que tratar a circulação, ou a neuropatia e controle rigoroso da glicemia deve ser sempre almejado. Não tratamos apenas o “pé diabético”, mas o individuo como um todo, que está tendo uma complicação importante de um problema sistêmico e que deve ser abordado de maneira multidisciplinar.
Em alguns casos pode ser utilizada uma tecnologia para auxiliar na cicatrização das feridas, chamada de Terapia por pressão Negativa (TPN). Trata-se de um método que é aplicado e feridas complexas e que gera uma pressão subatmosférica, ou seja, abaixo da pressão que estamos vivendo. Após desbridamento e limpeza da ferida, a TPN pode auxiliar no tratamento por promover: estímulo à proliferação celular e a formação de novos vasos melhorando a irrigação local, aumento da formação de tecido de granulação e redução da resposta inflamatória local, redução do inchaço(edema) e controle da drenagem de secreção e da infecção local. É importante salientar que não é utilizada de rotina, mas sim como uma opção em casos avançados e mais complexos, inclusive como tentativa para evitar que evoluam para uma futura amputação.
Depois de aprendermos um pouco mais sobre o pé diabético, complicações fica uma importante mensagem: as complicações que acontecem decorrem do controle inadequado da glicemia e de maus hábitos, então prevenção é sempre o melhor remédio – muito mais fácil cuidar da saúde do que tratar da doença.
Recomendações importantes:
- Conheça o seu histórico familiar. Se existem vários parentes próximos diabéticos, comece desde cedo a prevenir e se cuidar;
- Pare de fumar hoje. Diabetes definitivamente não combina com cigarro. É uma questão de escolha. Diga NÃO ao cigarro e escolha a saúde e a vida;
- Monitore sua glicemia com frequência e seja rigoroso com o seu controle e monitore também a sua pressão arterial;
- Mantenha uma atividade física regular que inclua atividade aeróbica e exercício de força muscular. Recomendo um mínimo de 30 minutos diários de atividade aeróbica (caminhada, dança, corrida, bicicleta…), e duas vezes por semana exercícios de força muscular(musculação, pilates, treinamento funcional);
- Mantenha um peso equilibrado e uma alimentação saudável. Evite doces, farinhas brancas, carboidratos e gordura de origem animal;
- Não ande descalço- você pode se machucar sem perceber. Use calçados confortáveis e evite meias apertadas – prefira as de algodão e sem costura;
- Seja rigoroso em examinar seus pés TODOS os dias após o banho. Use o secador de cabelos entre os dedos dos pés para secar bem e evitar frieira. (micose);
- Mantenha as unhas com corte reto e evite cortar calos;
Saúde é uma questão de atitude. Você é o único responsável pelos seus bons ou maus hábitos, faça a sua parte e cuide de você e de sua saúde vascular.